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Paixão de Outono I

"Era uma história muito simples que poderia acontecer em qualquer coração. Qualquer ser que sentisse o tempo passar vagarosamente, o espaço oferecer o universo como possibilidade de caminhar, qualquer ser que sentisse calafrios espontâneos, que sentisse frio na barriga, o coração bater rapidamente querendo pular pela boca, que sentisse o suor das mãos deixando-as gélidas, qualquer ser que sentisse a sensação de uma canção dizer tantas coisas, entenderia o sentido desta história. Era uma história de quando Mercúrio e Lua entraram em conjunção num movimento tão forte e atraente que fez Mercúrio confundir seu movimento em torno da mensageira do mistério. Mercúrio, então, sentindo todas aquelas vibrações reflexivas e agindo como a abelha que segue voando em direção à margarida mais linda já vista, convidou a bela Lua para ver a imensidão do espaço e beleza das estrelas e dos cometas e dos planetas. E a Lua foi o mais belo exemplar jamais visto, pois seus olhos, seus lábios, o contorno do rosto, seus cabelos, sua expressividade, seus ouvidos receptivos, sua fala doce, juntos todos formavam um conjunto jamais visto.

Subiram no topo do mundo e lado a lado observaram o maravilhoso céu escuro. Mercúrio envergonhado pediu a mão da Lua para que juntos observassem com mais energia e conhecessem sentimentos novos. A lua sorridente tornou-se cheia e transbordou paixões. Os dois voltaram seus rostos e Mercúrio hipnotizado pela profundidade do olhar da deusa da noite, sentiu o desejo incapaz de conter, beijar suavemente os lábios da Lua, apertar suas mãos e num abraço selar a união de duas almas que descobriram como se completam. Como puderam ficar tanto tempo desconhecidos um do outro? Como puderam deixar que o espaço e o tempo os escondessem?

Depois do transbordamento de paixões esses dois seres caminharam rumo ao infinito completando-se mutuamente pela eternidade.

Como é bom imaginar a maciez de um beijo, o calor de um abraço ou um simples olhar. Desejos e desejos, sempre domínio dos desejos e o amor veneno d'alma, fármaco dualístico anima, ânima, visita encerrada num mundo lindo e colorido. Tudo fugindo do meu peito e a bela criatura observa quando uma lágrima de emoção invade meu rosto. Oh Lua, que faz comigo que não sai do meu céu desde quando a vi pela primeira vez. A lembrança de conhecer é porque sempre esteve sob meus olhos e alguém que já era parte do meu querer a mim não pode ser desconhecido.
Seu brilho ficará eternizado mesmo que seja apenas uma história."

D.F.R.

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