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Paixão de Outono II

"Deveria ser uma história o que escreverei, mas como escrever algo quando as sensações tomam meu corpo de forma descontrolada. Não posso resistir ao sorriso da bela Lua crescente, no horizonte, ascendente. Que Zeus saiba urgentemente os fatos da terra de meu corpo. Como escrever quando preciso sentir e ao sentir esqueço o que escrever, pois só quero sentir. Não quero escrever que vejo todo o universo estrelado ao infinito e mesmo sem contá-lo, posso senti-lo. Acaso já sentiu o universo inteiro? Basta querer alguém, posso querer a Lua? Ah, noite, mostre sua beleza, o olhar do universo noturno aqui na Terra. Porque não posso querer outro ser além da Lua, nela descansa minha paixão deste outono. Eu sempre soube que amá-la seria me sentir desta forma. Eu sempre soube que senti-la seria estonteante. Eu sempre soube que poderia caminhar neste labirinto em forma de reta infinita rumo ao seu coração. Eu sempre soube que quereria um beijo apenas. O céu anuncia sua majestade.

Deveria correr com as asas de meus pés rumo àquela alma dos céus, mas tenho medo que assim como Ícaro, aquele olhar derreta minha alma. As outras estrelas já se perderam em redor da Lua e na Terra eu anuncio a todas as criaturas: Lá vem a Bella Luna!

Eu, Mercúrio, cairia na Terra somente para admirar essa visão, de uma Bela Lua. Que Zeus, cronida-rei, entenda o domínio de Eros em meu peito. Que criatura atrevida! Incendeia Cronos e domina o tempo por um instante, o instante em que a seta luminosa carregada daquele olhar da Bela Lua caíra sobre meu peito. Mas agradeço irmão, mesmo que a desgraça seja fruto seu, eu arrisco me atirar aos braços dela.

Oh, Bela Lua, salve-me deste mundo, pois sou mais um ser caído. Leve-me de volta aos céus para descansar ao lado seu. Eu admiraria eternamente neste outono olímpico toda a beleza que descansa em si. Desejos, desejos, desejos! Onde estes malditos desejos me levarão, oh, Bela Lua? Que seja qualquer lugar onde possa minha alma lhe observar. Deixe-me querer, deixe minha alma guiar meu corpo se eu estiver em seus sonhos, se eu for o escolhido. Paixões, paixões, paixões! Quanta estima faço desta paixão de outono. Quanta loucura descubro neste sentimento de homens, eu os invejo.

Que melhor descrição poderia fazer de seu sorriso, enquanto seus olhos se fecham empurrando toda alegria da alma, além daquela na qual não descrevo. Não descreverei seu sorriso. O que existe na necessidade da descrição de uma breve paixão? O que ocorre diante do olhar emocionado? A mais bela flor de hoje surgiu num instante preenchendo meu coração de alegrias. O que fazer quando a Lua caída dos céus passa diante dos olhos e seu magnífico brilho me atrai de tal forma que não posso recusar? Uma breve paixão de outono onde os encaixes de uma idealização se tornam vívidos e quase completos. Onde inicia a completude? Uma imagem deste outono olímpico que surge na vida expondo minha fraqueza? Ah, mas que fraqueza traria tamanha felicidade que quase arranca meu coração pela boca.

Atraente Lua que transforma meu corpo em simulacro de marés, que faço para que diga meu nome de forma carinhosa? Por que é tão bela e resplandece todo esse rostinho que quero me aproximar? Quando foi o momento que me deixei cair em seus braços formosos e senti o desejo de termos um ao outro? Existe sabor mais singular que o desejo de seus beijos? É uma representação de meu corpo sentimental neste outono diferente. É muito bom sentir essa vontade de estar ao seu lado e simplesmente sentir um abraço seu. Quero apenas admirar seu sorriso.

Sorria pequena Lua. Faça-me sentir estes calafrios e sentir que estou muito vivo. Esta é uma breve paixão de outono que despertou a necessidade de escrever. Apenas quero deixar o registro para provar ao futuro que paixões de outono existem e mesmo que terminem apenas neste movimento do discurso, foi ótimo tê-la em minhas imaginações. Melhor seria se tudo isso acontecesse de olhos abertos admirando estrelas e uma cadente anunciasse o começo de um beijo de outono que tão logo não cessaria.

É assim Bela Lua que reflete em mim toda essa sensação. Já a conhecia de muito tempo, pois tem em si muito do meu querer. Ah, Zeus, como é engraçado sempre me colocando nestas situações, mas faça seu trabalho.

Era somente uma paixão de outono. "

D.F.R.

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