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Pensamentos bruscos

Pensamentos bruscos

Não gosto da harmonia ou tampouco do homogêneo, sequer dos simétricos. Na diferença eu produzo. Na falta eu preencho. No vazio eu construo. No cheio desconstruo. Na contradição me reencontro e declino os impossíveis que sob a égide do tempo se tornam musas possíveis, mas probabilidades de modo algum absolutas, o multiplo objetivado.
Digo, assim, que nada importa se ao observarmos uma folha de mangueira abstraimo-nos da singularidade que representra.
A folha da mangueira se torna apenas uma ilusão se for uma metáfora antropomórfica. A folha da mangueira existe apenas quando considerada aquela folha da mangueira, única e bela, distinta como extensão e no tempo.
A mangueira é um caos de formas e folhas, tão diversas quanto belas.
E pensar que nada disso é verdade é tão bom quanto pensar que tudo isso é verdade. E o que é , pois?
Eu sou todas as perspectivas, minhas todas diferenciações me retornam ao corpo na integral multipla que me recompõe.
Não passo, hoje, do sonho destes pensamentos bruscos.