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Museus universitários e sua inserção na cidade


 

Museus universitários e sua inserção na cidade


 

Pensar como suprir as demandas socioculturais da cidade a partir dos museus universitários obriga-nos a pensar o papel das Universidades como um todo. Isso quer dizer não somente como as Universidades difundem seu conhecimento e o conhecimento acumulado pelas sociedades, cujas obras podem ser observadas em seus espaços dedicados, mas para quem tudo isso é organizado.

O MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, MAC USP, tenta suprir essas demandas socioculturais através de exposições e atividades educativas ligadas ou não a estas, admitindo a composição de mais uma parcela do exercício de cidadania. Não menos importante seu acesso gratuito enrijece a elasticidade do abismo criado entre os estratos sociais na sociedade contemporânea, permitindo a quem seria excluído "naturalmente" nas periferias ou subúrbios o direito ao acesso ä cultura. Contudo sabemos que a posição geográfica não só de museus, mas instituições de cultura na cidade de São Paulo, ainda restringe-se à região central, quando na melhor das hipóteses ao centro expandido que abarca no limite bairros de classe média. Isso gera demandas, como facilidade de movimentação através de transportes públicos, cujas respostas comumente são exigidas de autoridades políticas. No entanto, encaixa-se plenamente na função das Universidades quando pensamos no público alvo, pois há que se pensar quem são os indivíduos que freqüentarão os espaços e onde vivem.

Um modo perceptível de como essa movimentação das demandas ocorre pôde ser observado durante o programa "Recreio nas Férias" da SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, cujo intuito é a apropriação do tempo das crianças e jovens em período de férias escolares, tornando-a muito mais produtiva  através do lazer, esporte e cultura. Os indivíduos participantes do programa, que nas férias de verão de 2009 ocorreu  de 13/1 a 23/1, foram recebidos no MAC USP, sede Ibirapuera, formando grupos bem heterogêneos em  faixa etária, classe social e regiões da cidade de São Paulo. Toda essa diversidade ocorrendo na prática exigiu medidas responsáveis e intercâmbio de informações entre as instituições participantes, desde o conhecimento prévio do público até localização do transporte e tempo de visita. A informação é importante porque comumente esses grupos fazem visita a mais de uma instituição, logo, o planejamento torna a atividade mais eficaz.

Dentro do que abarca a resposabilidade do MAC USP houve um preparo inicial em encontro com bolsistas do "PROGRAMA DE ATENDIMENTO AOS GRUPOS AGENDADOS PARA VISITAS EDUCATIVAS AO MUSEU", estes estudantes de graduação da USP, com educadores, funcionários do museu e  a docente da Divisão Técnico-Científica de Educação e Arte, DTCEA do  MAC USP, Profa. Dra. Carmen Aranha, cuja motivação foi a integração dos que trabalhariam no "Recreio nas Férias" e a  discussão crítica das diversas  abordagens educativas dos educadores. Sobretudo foi feito o planejamento de atendimento, dentro de que se enquadrou a exposição a ser visitada, os horários e especificidades dos grupos agendados.

Esta experiência apresenta uma das diversas perspectivas que museus universitários poderiam adotar para inserir-se na cidade, ou seja, fazer de si não só objeto de contemplação, mas de transformação dos indivíduos e dos próprios museus, sobretudo porque a cultura só é viva dentro e para quem a faz.