A garrafa, uns cacos e a criação
Andei pisando nuns cacos.
Vitrais da Sé. Diz-se Santa?
É certo que cortou,
pintei a abóbada. Vermelho.
Juntei meu sangue aos dos ex-comungados.
Andei por todos os cantos,
num deles achei uma garrafa.
Que sede. Tomei a desgraça de cola.
Colei no teto o céu. Um azul transparente,
para os humanóides verem o céu.
Um holograma perfeito.
Fui do outro lado,
o avesso até que é bom. Prefiro o infinito.
Andava, comecei a correr.
Mas corria num mundo sem fim.
Findou-se o mar de ilusões. Os trópicos aglutinaram-se.
Juntei um punhado de papéis.
Misturei aos cacos, à cola e ao meu sangue.
Fiz o que esperavam. Um centro burrocrático.
A graciosa luminescência, aquele ponto pálido no céu,
curvou-se tamanha era a desonra.
Peguei a carteira, chamei o mendigo.
Viu? - papel.
Cheirou? - esterco.
Quer? - corre!
Ele caiu no primeiro passo. A burrocracia.
Todos querem o que é defecado. É verde e saboroso,
dizem por ai.
Quando foi que esqueceram o ser humano?
Vou descansar, afinal
hoje é o sétimo dia de labor.