11:04 PM

Me consumindo


Me consumindo


Sou indivíduo-ação

Pego meu controle remoto,

ligo o televisor, não funciona.


Ligo meu computador ultrapassado

comprado há 3 meses,

acesso a internet, que dor.


O modem não disca.

Meu celular, sem bateria.

Uso o telefone não pago.

Não toca, não disca.

Ligo meu rádio, sem sintonia.


Arrumo a antena, sem emissora.

Abro a porta sem fechadura, não abre.

Olho a janela, quebrada.


Me jogo na rua. Que rua?

Vejo o trem, sem rodas.

Vejo alguém, ninguém.

Sou indivíduo-ação.


Olho o céu, sem Sol.

Quero beber, não há cachaça.

Quero sair, estou preso

em mim.


Estou preso. O mundo se foi,

não tenho tecnologia.

Não vejo, a cegueira toma conta.

A conta chega, devo pagar. Não trabalho.

Meu trabalho é desvendar. Eu vendo.

Niguém quer comprar.


Meu espelho quebrado.

Sumiram com meu rosto.

Sou sujeito.

Estou sujeito à sujeira,

o pó que me faz. O pó.


Virei fumaça.


A internet é Brodband.

O rádio é Home Theater.

O televisor é High End.

O celular é Hand held.

No meu mundo “Just do it” lidera,

eu consumo, eu faço, eu como fast-food.

Eu não indivíduo, divido, duvido

Quem sabe? Quem compra!

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