Me consumindo
Sou indivíduo-ação
Pego meu controle remoto,
ligo o televisor, não funciona.
Ligo meu computador ultrapassado
comprado há 3 meses,
acesso a internet, que dor.
O modem não disca.
Meu celular, sem bateria.
Uso o telefone não pago.
Não toca, não disca.
Ligo meu rádio, sem sintonia.
Arrumo a antena, sem emissora.
Abro a porta sem fechadura, não abre.
Olho a janela, quebrada.
Me jogo na rua. Que rua?
Vejo o trem, sem rodas.
Vejo alguém, ninguém.
Sou indivíduo-ação.
Olho o céu, sem Sol.
Quero beber, não há cachaça.
Quero sair, estou preso
em mim.
Estou preso. O mundo se foi,
não tenho tecnologia.
Não vejo, a cegueira toma conta.
A conta chega, devo pagar. Não trabalho.
Meu trabalho é desvendar. Eu vendo.
Niguém quer comprar.
Meu espelho quebrado.
Sumiram com meu rosto.
Sou sujeito.
Estou sujeito à sujeira,
o pó que me faz. O pó.
Virei fumaça.
A internet é Brodband.
O rádio é Home Theater.
O televisor é High End.
O celular é Hand held.
No meu mundo “Just do it” lidera,
eu consumo, eu faço, eu como fast-food.
Eu não indivíduo, divido, duvido
Quem sabe? Quem compra!
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